Um Operário em Férias

Um Operário em Férias

Cristovão Tezza

Language:

Pages: 237

ISBN: 2:00328422

Format: PDF / Kindle (mobi) / ePub


About the author:

Cristovão Tezza was born in Lages, in the southern Brazilian state of Santa Catarina, in 1952. He is the author of 13 novels, published in 7 languages, and the winner of many literary prizes, including the Jabuti Prize, the Portugal-Telecom Award, the São Paulo Literature Award, Petrobrás Literature Award, Brazilian Academy of Letters, São Paulo Art Critics' Association Award, the Zaffari & Bourbon Prize, Bravo, France's Charles Brisset Award, and a nomination for the 2012 IMPAC-Dublin Award. Brief Space Between Color and Shade was the winner of the 1998 Brazilian National Library's Machado de Assis Award.

Sobre o livro:

Organizada por Christian Schwartz e ilustrado por Benett, Um operário em férias abriga cem crônicas de um dos mais importantes autores contemporâneos – Cristovão Tezza. A obra conta com textos sobre literatura, futebol, viagens e temas cotidianos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

benefício, o saldo será uma imensa felicidade, ainda que mais pobre, se é que alguém pode se permitir essa soberba. Em suma, não gostaria de entregar ao Estado (a essa altura da vida, só a ele, porque como acadêmico já esgotei meus projetos e minha paciência) os dez anos que ainda me faltam para merecer aquela aposentadoria gorda do estamento federal. Prefiro gastar esses anos comigo mesmo, enquanto tenho tempo. Comecei a trabalhar aos 13, como datilógrafo em um escritório da Floriano Peixoto,

do ramo, e me conheço, sei que as coisas não são bem assim. Eles são bons só por escrito. Ao vivo, o risco é grande. Eu mesmo procuro evitar ao máximo a convivência com escritores, de modo a me proteger. Mas a lenda das nossas qualidades até que tem sido útil. Frequentemente sou convidado a participar de bienais, feiras de livros, mesas-redondas, atividades culturais. Como os leitores em geral não gostam de ler autores brasileiros, essa é sempre uma saída honrosa. “Não li o seu livro ainda, mas o

o jacaré do Oiapoque ao Chuí!” Não é um espanto? Um país que se define orgulhosamente pela sua contravenção cotidiana. Criança, fiquei sempre com aquele Oiapoque ao Chuí na cabeça e com a mágica maravilhosa do jogo do bicho que nos unia todos os dias. Depois, sempre me disseram que no Brasil não tinha racismo, violência ou terremoto — são tantas as nossas qualidades que, quando começa a cair a ficha de que há algo errado, parece que o erro é nosso; e, às vezes, como o atleta olímpico que falhou,

em situação relaxada, como numa conversa de bar — é aquela “primeira coisa que vem à cabeça” no âmbito dos amigos ou da família, falando uma língua que apenas aceita palavras, imagens, relações lógicas, sintáticas ou semânticas, que pertençam a esse âmbito. Enquanto a candidata Marina diz que “temos de mudar a narrativa”, uma frase incompreensível para 80% da população, Lula diria “temos que acabar com essa história de...” — e qualquer coisa que ele fale depois já está “em casa”. Essa é a parte

lembrando da monografia a fazer, o que eu sei de arquitetura? Ninguém mais sabe, disse o professor: vivemos em cidades horrendas que brotam de lugar nenhum; os prédios são monstrengos sem DNA. Entrou por acaso na Saldanha Marinho e súbito estava com A interpretação dos sonhos na mão, será mesmo esse o sebo que eu vi na internet? [10/08/2010] Nota * A crônica antecipava aos leitores da Gazeta do Povo parte do conto “O homem tatuado”, então em progresso e mais tarde incluído no livro de

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